Desfrutar a cada dia de momentos únicos. De um ideal de equilíbrio que tem como base materiais nobres e ocupação minimalista. Assim pode ser descrita a sensação de habitar este apartamento dúplex de 600 m2, lar de um jovem casal e de seus dois filhos, projetada por Fernanda Marques, em São Paulo. Em termos construtivos, mais uma uma bem sucedida operação de retrofit conduzida pela arquiteta, que dotou o imóvel de ambientes mais amplos e melhor integrados, tendo como pano de fundo o vibrante skyline da cidade.

Distribuído em dois níveis, o projeto concentra em seu primeiro pavimento as suítes do casal e dos filhos, além do home kids. Verdadeiro centro nervoso da casa, é no andar superior, porém, que a maior parte da ação familiar acontece. Além da grande cozinha e do amplo espaço gourmet, estão por lá o living – composto por setores que alternam, ora áreas de relaxamento, ora espaços para refeições – e o home-theater. Razões mais do que suficientes para fazer dele o ponto de encontro da casa.

Combinação de luminosidade e minimalismo

“A luz tem um papel essencial nestes interiores. Viver em meio a muita luz faz parte da própria essência do casal de moradores, amantes declarados do surfe. Uma paixão que gradativamente estão transferindo para os filhos”, explica Fernanda, diante de uma das mais bem guardadas relíquias familiares: uma prancha feita por ninguém menos que o mítico shaper havaiano Dick Brewer, especialmente para o proprietário, que hoje ocupa lugar de destaque na decoração da escada.

Movida pelo objetivo de ampliar ao máximo as condições de luminosidade nos dois níveis da habitação, natural que a arquiteta tenha adotado superfícies refletoras e transparentes na quase totalidade do projeto. Da madeira aos mármores, empregados, invariavelmente, em tonalidades próximas ao cru, abundância de superfícies envidraçadas que se espalham por todo o pavimento superior. “Quanto mais próximos do natural, maior a qualidade sensorial dos materiais”, afirma Fernanda.

Quase austeros em sua simplicidade minimalista, por todo o apartamento ambientes se sucedem de forma harmônica, sem maiores rupturas. “Meu cliente definitivamente queria viver em meio a ambientes suaves, que transmitissem leveza a quem os frequentasse”, conta a arquiteta que, na hora de selecionar o mobiliário resolver lançar mão de uma bem dosada combinação de peças contemporâneas e vintages, criando focos pontuais de design. Tal como acontece, por exemplo, no núcleo que concentra mesa de jantar e pendente escultórico.

Colocar o acervo de obras de arte do casal em destaque – eles contam com peças de Gabriela Costa, Ricardo Rendon, Arthur Lescher e Angelo Venosa, entre outros – foi outra das preocupações da arquiteta. No andar superior, por exemplo, com exceção do pendente sobre a mesa, as condições construtivas não permitiram a utilização de luminárias técnicas, levando Fernanda a optar por equipamentos de piso. “O resultado superou minhas expectativas. Adoro o efeito produzido nas paredes verdes e nos painéis ripados em carvalho americano quando iluminados”, conclui ela.