Mínimo impacto, máxima personalização: a essência construtiva do projeto

“Uma casa que amplia seus horizontes. Que não se confina. Que está virtualmente e concretamente aberta ao mundo, à natureza, a seus habitantes”. Assim é o projeto da arquiteta paulistana Fernanda Marques, para a Casa Cor 2010.

Do ponto de vista construtivo, o projeto de Fernanda Marques para a Casa Cor 2010 nasce sob o signo do sustentável. Todo o revestimento, interno e externo, da construção será executado em madeira reciclada, assim como todo o mobiliário contará com o selo verde. A iluminação será feita a base de leds, diminuindo o consumo de energia. Emblematicamente, troncos de árvores, provenientes da Bahia vão se transformar nos próprios pilares de sustentação da obra.

Do ponto de vista conceitual, porém, ele escapa a definições. “Sei que procurei dar forma a um espaço em plena transição: a casa contemporânea. Sinto que existe uma desmaterialização geral em curso: paredes que se vão, ambientes que se sobrepõem uns aos outros, superfícies reflexivas. In, ao mesmo tempo, Out. Meu projeto se propõe a não equacionar ao menos investigar todos estes aspectos.” afirma a arquiteta.

Que ninguém duvide, no entanto, da habilidade de Fernanda em materializar suas reflexões. De forma coerente, seu projeto para Casa Cor 2010 surge como um grande lounge: um ambiente único de 207m² com living, lounge, cozinha gourmet, bar e vídeo hall pensado, em todos os seus detalhes, para atender a um cotidiano agitado. A uma agenda eclética de funcionamento, que tem, aliás, muito a ver com a dela: encontros em família, entre amigos, descontração. Mas também relax e recolhimento. Leitura e contemplação. Vida, enfim. Minuto a minuto.

“Fazer o espaço “render” é, atualmente, um de nossos maiores desafios.”, pontua Fernanda, que este ano optou por construir bem menos do que nos dois últimos anos. “Procurei atender a duas premissas. Uma, é a própria questão da sustentabilidade, uma vez que uma construção menor implica menor utilização de recursos, além de menor consumo de energia.”, diz.

Exclusividade, uma assinatura Fernanda Marques Arquitetura

A outra, de ordem mais pessoal, tem a ver com seu desejo de dar um tratamento cada vez mais particularizado a todos os itens que compõem os seus projetos. “Estou interessada em dar um enfoque mais autoral a meus interiores. A fazer um trabalho de quase joalheria”, declara ela, que, não por acaso, assina grande parte das peças que compõem o espaço: de móveis para área externa, passando por estantes em aço e tapetes em feltro.
“Casa Cor sempre representou a oportunidade de compartilhar com o meu público duas grandes paixões: a arte e o design contemporâneos.”; afirma a arquiteta, que assume ter no desenho escandinavo e nos interiores orientais, duas de suas maiores referências. “Optei por uma concepção mais “invernal” da decoração. Daí, os couros e as peles. Além dos muitos detalhes em prata, ouro e cobre, para “aquecer” o mobiliário”.

Conexão com a natureza urbana

Não menos impactante e em plena solução de continuidade com o desenho dos interiores o elegante terraço, de 235m², que se abre logo à frente, foi projetado tal qual um living a céu aberto e recebeu, além de piscina com borda infinita emoldurada por lareira, uma longa e sinuosa estrutura, que certamente vai concentrar todas as atenções dos visitantes.

“Trata-se de uma espécie de eco telhado, todo recoberta por vegetação. Vai descer da laje da casa, atravessar a piscina, se transformar em balcão e, finalmente, em bar.”; adianta Fernanda, entusiasmada com a imensa marquise, que, simbolicamente abraça a construção, e que, com toda certeza, promete marcar sua participação na 22* edição da Casa Cor.