A reinvenção do móvel: do estático ao dinâmico em espaços versáteis

“Foi quando fui comissionada para desenhar uma espécie de garagem-lounge. Meu cliente era um jovem empresário, audacioso, amante de arte e design. De motocicletas e de velocidade”; conta a arquiteta.
Para ele, Fernanda projetou um espaço de uso múltiplo. Um ambiente onde ele pudesse relaxar e receber os amigos em seus momentos de lazer.

Como exigências expressas do proprietário, o espaço deveria contar com máxima transparência para proporcionar integração com a exuberante vegetação tropical do local — daí a opção pela construção de uma caixa de vidro —, contar com peças assinadas de design, obras de arte contemporânea e, fundamentalmente, móveis práticos e versáteis.

Surgiu assim a ideia de construir um banco, ou melhor, um sistema de assentos em aço inoxidável. Como ponto de partida, as reflexões da arquiteta sobre a arte cinética. Como resultado final, um móvel de forte presença espacial, que tem na sua versatilidade um de seus pontos fortes e que incorpora, definitivamente, a ideia de movimento a seu desenho.

“Assim como a arte cinética rompeu com a condição estática da pintura, meu banco se propõe a abandonar a condição fixa dos móveis”, explica Fernanda, que projetou uma peça capaz de se desmembrar em várias outros e, graças a seu material construtivo, pode ser usada tanto fora quanto dentro do lounge, abolindo fronteiras entre interior e exterior.

Rompendo fronteiras com móveis cinéticos de aço inoxidável

Produzido sob medida, o Stool Infinite Stell, da arquiteta Fernanda Marques é composto por XX módulos independentes e encaixáveis, cada qual pesando cerca de 22kg. A rigor, coerentemente com o próprio conceito de projeto, não existem limitações quanto ao número de unidades que podem ser acopladas a cada peça. Daí seu nome.

Formado por lâminas de aço dobradas, com soldagem e revestimento internos em madeira compensada e acabamento exterior texturizado e acetinado; cada um de seus módulos traz impresso em seu desenho sua própria condição de continuidade, uma vez que, ele se encaixa — porém sem tocar — com suas duas unidades laterais, anterior e subsequente.

Para a Mekal, metalúrgica responsável pela sua produção, foi a primeira vez que o aço, material de elevada resistência e uso quase que restrito ao setor construtivo foi empregado na fabricação de um móvel. “Eles nunca imaginaram ver o aço tratado como uma folha de papel, capaz de produzir dobraduras de grande efeito plástico”, afirma Fernanda Marques.

Para a arquiteta, poucos materiais são tão contemporâneos quanto o aço inox. Além de ser, entre os materiais usados na construção civil um dos que menos afetam o meio ambiente. “Ele é 100% reciclável, ou seja, após atingir o fim de uma longa vida de serviços ainda pode ser reutilizado infinitas vezes, sem perder a qualidade”, conta Fernanda.

Segundo ela, o material destaca-se ainda por ser fácil de limpar e resistente à corrosão. Mas as vantagens não param por aí. Mesmo com todas as características naturalmente sustentáveis do aço inox, a Mekal só trabalha com material que, comprovadamente só utiliza na sua produção carvão vegetal extraído de áreas preservadas dos solos brasileiros.